Conheça como é feito conjunto escolar dentro do Presídio de Pirajuí – Fundação "Prof. Dr. Manoel Pedro Pimentel" – Funap

Conheça como é feito conjunto escolar dentro do Presídio de Pirajuí

Produto tem selo de qualidade do Inmetro e é produzido no interior de unidade prisional por reeducandos, em moderna fábrica


Quem passa em frente aos grandes muros da Penitenciária de Pirajuí, a 400 km da capital paulista, não imagina que, em seu interior, um produto de altíssima qualidade, com selo de certificação do Inmetro, é produzido em equipamentos de última geração operados por reeducandos.

Em amplos espaços, como em uma grande indústria, toma corpo um conjunto destinado a alunos do ensino fundamental ao superior. São cadeiras e carteiras feitas em estrutura tubular e pintura metálica, oferecidas à rede de ensino por preço convidativo, praticamente para cobrir custos da produção.

Tudo sob a chancela da Fundação “Prof. Dr. Manoel Pimentel”, a Funap, que, desde a década de 70, incentiva o trabalho de reeducandos, montando em unidades prisionais fábricas que permitem a confecção de produtos com destinação social, sem fim lucrativo.

A otimização da produção, combinada com a qualidade certificada pelo Inmetro, foi um dos objetivos da diretoria, iniciada no começo deste ano e alinhada à política de trabalho efetivo do Governo do Estado e da Secretaria de Administração Penitenciária (SAP).

Para os próximos anos, o objetivo é ainda mais audacioso. De acordo com o diretor-executivo Henrique Neto, outras unidades prisionais devem receber fábricas da Funap, ampliando assim a gama de produtos já oferecidos, sempre com mão de obra de reeducandos, que aprendem um ofício, ao mesmo tempo em que produzem para a sociedade.

Linha de montagem

A reportagem deu um giro pela unidade de Pirajuí para acompanhar a fabricação do conjunto escolar. Da dobragem do primeiro cano à finalização do produto, diversas etapas são vencidas, sempre sob a supervisão de experientes metalúrgicos.

Um deles é Ivanildo Miazzo, de 52 anos. Há 20 na Funap, o profissional é responsável pelo setor de qualidade e usinagem, e auxilia os reeducandos na escolha do ofício a ser desempenhado na unidade. “Tentamos passar para eles o que aprendemos nesses anos de profissão. Sempre dentro das normas. E nunca tivemos problemas”, diz.

Miazzo explica que, após a dobragem dos metais que darão estrutura ao conjunto, em máquinas próprias para isso, é feita a furação para colocação de rebites. “Em seguida, a estrutura vai para as cabines de solda”, diz, apontando para diversos espaços, cada um deles com um reeducando soldador.

Soldada e lixada, a estrutura é ajustada em gabaritos, fazendo com que todas tenham um mesmo padrão de medida. Para cada etapa, reeducandos especializados dão sua contribuição, movendo-se a estrutura de um espaço a outro, até ser concluída e receber uma proteção plástica colocada por uma grande máquina embaladora automatizada.

Limpeza e pintura

A limpeza da peça que se tornará o conjunto escolar é levada bastante a sério pelos reeducandos e supervisores. De acordo com o também metalúrgico Marcio Giora Lopes, 54, o procedimento permite a remoção de toda impureza incrustada nos processos anteriores, deixando a estrutura pronta para receber a pintura eletrostática em cabines montadas para isso.

Para tanto, explica Lopes, a peça recebe um banho químico e permanece mergulhada, por aproximadamente uma hora, em substância fosfatizante, que é solúvel em água e ecologicamente correta. “Além da limpeza, o processo fornece uma proteção extra ao produto”, garante o funcionário da Funap.

Lopes também supervisiona a pintura eletrostática das estruturas antes que recebam assento, encosto e sapata. Pelo menos três cabines são usadas para o procedimento, que reveste os metais com uma película de polímero termo-endurecido colorido. Segundo ele, a pintura com pó garante economia de material, menor tempo de aplicação e maior fixação, permanecendo a tinta intacta mesmo em caso de flexão e torção da peça.

Mais processos

Com a estrutura pintada, o conjunto escolar é preparado para receber assento e encosto. Recém-adquirida pela Funap, uma máquina automatizada corta as madeiras e arredonda os cantos, conseguindo finalizar diversas peças em curto espaço de tempo.

Operador metalúrgico de 55 anos, José Carlos dos Santos é outro que supervisiona os reeducandos. Ele garante que 300 conjuntos podem ser confeccionados por dia na fábrica de Pirajuí, apesar de o montante final produzido estar relacionado com a demanda do produto, cuja análise é feita por setor especializado da Funap.

Santos explica ainda que, tanto o assento como o encosto, depois de cortados, recebem um plástico protetor em sua borda, produzido e colado em outras máquinas específicas da moderna fábrica. Concluído o procedimento, são colocados no conjunto, que então é finalizado, embalado e estocado.

Produtos

De acordo com a gerente comercial Marli Gomes, os conjuntos escolares são destinados à rede pública, mas também podem ser adquiridos por instituições de ensino particulares ou outros interessados. Ela informa que eventuais contatos podem ser feitos pelo telefone (11) 3150-1018, das 8h às 17h, de segunda a sexta-feira.

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